Pairando no ar com negras asas,
Observa os rumores, em silêncio plana
E observa...
Como quem de volta da morte
Ávido pela vida,
Já não espera a sorte
E a si mesmo convida,
A ver o mundo,
Olhando mais fundo,
Voando mais baixo;
Não perde um segundo
Na sua observação,
Não escolhe rumo
Nem segue o coração;
Pouco importa
O minuto a frente,
Pouco importa
O que passou de repente,
Só quer ver
Para onde vai toda essa gente
Nas esquinas ,
Nas calçadas,
Nessa escuridão,
Todos são vítimas,
Ninguém é multidão;
A fome já faz sorrir,
A cola já não engana,
O ópio é a própria gana
Do medo de sentir.
Prolonga-se o vôo
Noite a dentro,
E o olhar negro
Observa mais a frente,
Toda a angústia
Dos homens dementes
Que rompem com tudo,
Que venceram o mundo,
E agora escarnecem subjacentes
Já não sabem o que são,
Nem para onde vão.
Fazendo uma curva fechada,
Retorna para onde veio,
Certo que nesse meio
A morte já fez
seu R
......... E
............I
............. N
.................O.
Edilandio Angelim
Essa foi a poesia que ficou em 6º lugar no Festival Sertanejo de Poesia.
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