quarta-feira, 7 de abril de 2010

O Corvo

Pairando no ar com negras asas,
Observa os rumores, em silêncio plana
E observa...
Como quem de volta da morte
Ávido pela vida,

Já não espera a sorte
E a si mesmo convida,
A ver o mundo,
Olhando mais fundo,
Voando mais baixo;
Não perde um segundo
Na sua observação,
Não escolhe rumo
Nem segue o coração;

Pouco importa
O minuto a frente,
Pouco importa
O que passou de repente,
Só quer ver
Para onde vai toda essa gente

Nas esquinas ,
Nas calçadas,

Nessa escuridão,

Todos são vítimas,

Ninguém é multidão;

A fome já faz sorrir,

A cola já não engana,

O ópio é a própria gana

Do medo de sentir.

Prolonga-se o vôo
Noite a dentro,
E o olhar negro
Observa mais a frente,
Toda a angústia
Dos homens dementes
Que rompem com tudo,
Que venceram o mundo,

E agora escarnecem subjacentes
Já não sabem o que são,
Nem para onde vão.

Fazendo uma curva fechada,
Retorna para onde veio,
Certo que nesse meio
A morte já fez
seu R
......... E
............I
............. N
.................O.

Edilandio Angelim

Essa foi a poesia que ficou em 6º lugar no Festival Sertanejo de Poesia.

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