segunda-feira, 18 de junho de 2012

Seremos algum dia japoneses?


Seremos algum dia japoneses?
 Época
RUTH DE AQUINO, é colunista de ÉPOCA

O dinheiro e as barras de ouro estavam em cofres e carteiras de vítimas do tsunami no Japão. Em casas e empresas destruídas. Nas ruas, entre escombros e lixo. Ao todo, o equivalente a R$ 125 milhões. Dinheiro achado não tem dono. Certo?

Para centenas ou milhares de japoneses que entregaram o que encontraram à polícia, a máxima de sua vida é outra: 'não fico com o que não é meu'!  E em quem eles confiaram? Na Polícia, que localizou as pessoas em abrigos ou na casa de parentes e já conseguiu devolver 96% do dinheiro.

A reportagem foi do correspondente da TV Globo na Ásia, Roberto Kovalick. A história encantou. “Você viu o que os japoneses fizeram?” Natural a surpresa. Num país como o Brasil, onde a verba destinada às inundações na serra do Rio de Janeiro vai para o bolso de prefeitos, secretários e empresários, em vez de ajudar as vítimas que perderam tudo, esse exemplo de cidadania parece um conto de fadas. O que aconteceu em Teresópolis e Nova Friburgo não foi um mero e imoral desvio de dinheiro público. Foi covardia.

Político japonês não é santo. Em que instante a nossa malandragem deixa de ser folclórica e cultural e passa a ser crime de desonestidade? Por que a lei de tirar vantagem em tudo está incrustada na mente de tantos brasileiros? A tal ponto que os honestos passam a ser otários porque o mundo seria dos espertos?

Eles devolveram às vítimas do tsunami R$ 125 milhões. Precisamos – nós e a Polícia – aprender a agir assim

Um dia, todos precisaremos aprender que não se coloca no bolso, na bolsa, nas meias e nas cuecas um dinheiro que não nos pertence.  É roubo.

"Não me importo com o que os outros pensam sobre o que eu faço; mas eu me importo muito com o que eu penso sobre o que eu faço. Isso é caráter."

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